terça-feira, 7 de março de 2017

SÉRGIO MONTEIRO ENVOLVIDO EM MAIS UM ESCÂNDALO, DESTA VEZ NA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS

Foto: Publico.pt
Nunca foram apurados os eventuais e chorudos prémios financeiros que Monteiro auferiu por ter conduzido estes negócios em nome do Banco público

Sérgio Monteiro, o campeão das PPP, volta a estar no centro da polémica. Agora é o escândalo CGD e o Ministério Público vai investigar.

Na última década, não há caso público onde não esteja envolvido Sérgio Monteiro, o anterior Secretário das Obras Públicas do governo Passos/Portas.
O grau do seu envolvimento é tal que só pode ser considerado “peixe graúdo”, uma vez que até hoje não eram conhecidas quaisquer investigações judiciais às suas polémicas.

Porém, o Ministério Público acaba de confirmar que vai “analisar todos os elementos que vierem ao seu conhecimento”. Desta vez, Sérgio Monteiro é visado numa auditoria de Junho de 2015 às contas da CGD, que por motivos eleitorais só agora foi tornada pública e que revela 2,3 Mil Milhões de Euros de crédito em risco.

Mas, vamos por partes.
Sérgio Monteiro começou por ser o campeão das PPP. Não houve PPP realizada até 2011 que não tenha sido financiada com o seu patrocínio, uma vez que era o Diretor da CDG responsável por essa pasta. Claro, à época, os juros do financiamento eram favoráveis aos que a ele requeriam, mas com a crise de 2008 o cenário, sobretudo em termos da percepção pública mudou e com ele também a posição de Monteiro: embora tivesse sido o principal responsável pelo financiamento das PPP, passou a adotar um discurso político contra as PPP, o que muito agradou os comentadores TINA e alguma opinião pública fragilizada pela desinformação PaF, que fomentava o protesto e o descrédito nas instituições políticas e financeiras.

Nunca foram apurados os eventuais e chorudos prémios financeiros que Monteiro auferiu por ter conduzido estes negócios em nome do Banco público.

E se até aqui era “politics as usual”, ou seja, Monteiro, sendo o principal responsável pelo seu financiamento, dizia que as PPP eram o Alfa e o Omega da crise, já a sua ação enquanto governante responsável pela pasta, começou a envolver-se em polémica com negócios que muito terão prejudicado a coisa pública. Foi justamente nas tão anunciadas renegociações das PPP que os problemas surgiram. Sempre anunciando grandes “economias” para o Estado, mais não fez que reduzir pouco alguns dos encargos dos contratos, retirando aos consórcios privados a manutenção e conservação das estradas, o que significa um aumento muito grande da responsabilidade financeira da Infraestruturas de Portugal que terá que assegurar estes serviços durante as próximas décadas. Portanto, Sérgio Monteiro lavou uma mão com a outra, resultando num claro prejuízo para as contas da IP e, portanto, aumentando na prática os encargos financeiros do Estado! Sempre dizendo calmamente, como se não fosse nada, que andou a poupar…

Monteiro, durante os anos que controlou o aparelho de estado, foi também o principal responsável operacional pelas privatizações ruinosas da ANA, dos CTT e a mais miraculosa de todas, a TAP.
No caso da ANA, pode considerar-se que saiu o Euromilhões aos franceses da Vinci. Isto porque o estado não acautelou no contrato a questão da construção do futuro aeroporto. Basicamente, a Vinci fez um contrato género Lusoponte, onde fica com a exploração aeroportuária em Lisboa nas próximas décadas, sem qualquer compromisso em relação a uma futura (e necessária) construção. Quando a necessidade se tornar urgência e sabendo-se que todos os anos são ultrapassadas todas as expectativas de afluência de passageiros, será o estado a financiar e construir um novo aeroporto, ou então, fazer uma PPP que não poderá ter outro vencedor senão a empresa que detém o contrato de exploração.

Nos CTT o caso foi ainda mais obscuro, provavelmente porque passou ao lado das páginas dos jornais e das peças televisivas: o consórcio, maioritariamente dominado pela Goldman Sachs e o Deutsche Bank, adquiriu uma pechincha. Se somarmos a reserva financeira da empresa (dinheiro que tinha depositado), mais o encaixe com a venda em Bolsa e a licença para a operação bancária, em dois anos (!) os compradores já recuperaram o valor do investimento. Sérgio Monteiro liderou a venda de uma empresa com 500 anos de história e património que, em dois anos, permitiu aos compradores o retorno do seu investimento.

Ambas, ANA e CTT, eram empresas públicas que entregavam os seus lucros ao acionista estado.

Sérgio Monteiro liderou também, durante anos, a operação que conduziu à venda da TAP, num processo concluído depois das eleições, quando o governo estaria tecnicamente em gestão. Durante o período da sua tutela, Monteiro semeou e propagandeou a ideia que a venda era inevitável por motivos de necessidade de capitalização. Tal nunca ficou demonstrado. O único facto apurado foi a persistência do governante em fazer o negócio, fosse com Efromovich, fosse com Neelman, fosse por necessidade de tesouraria, ou capitalização, em que afinal, a responsabilidade final da garantia, ficou do lado do estado e não, como fora anunciado, do comprador privado.

Para premiar toda esta panóplia de missões que Monteiro executou ao serviço do seu governo, foi-lhe dada uma nova tarefa no quadro do reconhecimento de que não havia ninguém na PaF tão bom a vender o erário público…

Foi nomeado responsável pela venda do Novo Banco. Já passaram 8 meses e até agora, a única coisa que conseguiu foi uma remuneração mensal de 30 Mil Euros mensais pagos pelo erário público. Só a remuneração, fora as habituais ajudas de custo e restantes mordomias condizentes com o estatuto que lhe foi oferecido…

Em março deste ano, a casa de Sérgio continuou a ruir numa sucessão de escândalos sem igual na sociedade portuguesa. José Veiga, arguido no caso Rota do Atlântico, é proibido de contactar Miguel Relvas (normal) e… Monteiro. Em causa a compra do Banco Internacional de Cabo Verde ao Novo Banco.

Mais um caso que carece de explicações, uma vez que não se compreende a proibição de contacto entre Veiga (arguido) e Monteiro, cuja condição nesta investigação é desconhecida.

E finalmente a auditoria à CGD que revelou 2,3 Mil Milhões de Crédito mal parado. Em causa, uma exposição de 271 Milhões e um incumprimento de 180 Milhões de Euros do Grupo de José de Mello, a Brisa, em relação a um empréstimo concedido para a Concessão Douro Litoral, lançada pelo governo Durão Barroso. E quem concedeu este rombo de 450 Milhões de Euros? O suspeito do costume. Mas, só a partir de hoje, o dia em que o MP declarou que investigará mais um sarilho para a banca, a economia e o país. Esperemos que desta vez, a culpa não morra solteira. Os factos estão à vista, faltam os atos.


Fonte: Jornal Alerta

Sem comentários:

Enviar um comentário