Associação de
defesa do consumidor alerta para a diferença entre os depósitos do banco e os
planos da associação mutualista
A Deco,
associação de defesa dos direitos do consumidor, recebeu desde ontem 23
contactos com pedidos de informação sobe o Montepio, depois das notícias que
voltaram a levantar polémica em torno da caixa económica e da associação
mutualista.
Em causa está um
relatório divulgado pelo Expresso no sábado, que dava conta de “falhas” na
Caixa Económica – e que o presidente
da instituição, José Félix Morgado, já veio esclarecer – e de uma notícia
do Público esta terça-feira, revelando um “buraco” de 107 milhões de euros na
Associação Mutualista, a dona do banco.
O presidente da
Associação Mutualista, Tomás
Correia, também já veio afastar o cenário de falência mas a Deco revela ao
Dinheiro Vivo que já recebeu vários contactos com dúvidas sobre o tema. “Recebemos
23 contactos sobre o Montepio”, diz fonte oficial da Deco.
As dúvidas
apresentadas prendem-se sobretudo com “perceber a natureza dos produtos
financeiros contratados pelos consumidores”, “explicar diferença entre produtos
mutualistas e depósitos bancários”, uma vez que os produtos mutualistas também
podem ser contratados ao balcão da rede de retalho.
Além disso, os
consumidores também querem perceber “a supervisão da Associação Mutualista e a
falta de informação”, já que o supervisor da Associação Mutualista é o
ministério do Trabalho e Segurança Social, uma vez que a entidade é uma IPSS.
Só o banco é que é supervisionado pelo Banco de Portugal.
A Deco também tem
prestado esclarecimentos sobre “a importância da diversificação das poupanças”,
evitando colocar “os ovos todos no mesmo cesto”.
Perante as
dúvidas levantadas pelos consumidores, a associação publicou também
esclarecimentos no portal Proteste INVESTE que resume
os pontos de dúvida e a informação que tem sido prestada.
Neste
esclarecimento, a Proteste INVESTE começa por lembrar que a informação está a
ser divulgada na comunicação social mas que, “considerando os factos que são do
domínio público não existe, à partida, nenhum motivo para os aforradores
entrarem em pânico”. Ainda assim, a entidade avisa que os investidores não devem
“ser negligentes”, já que nem todos os produtos vendidos pelo Montepio estão
sujeitos aos mesmos tipos e níveis de risco”.
Qual a diferença
entre os produtos do banco e da associação mutualista? Para a Proteste INVESTE
perceber a diferença entre os produtos da Caixa Económica Montepio Geral
(CEMG), o banco e da Associação Mutualista. No caso dos depósitos do banco,
estão ao abrigo do Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por titular
“e não há razão de alarme”, garante a entidade.
“Em relação aos
fundos de investimento, o património é autónomo, pelo que não tem razões para
ficar preocupado”.
Já os planos
mutualistas, que são vendidos aos balcões do banco como alternativa aos
depósitos, são emitidos pela associação mutualista, “com regras muito
diferentes dos depósitos”, já que a cobertura se prende com os ativos da
associação mutualista.
A Proteste
INVESTE avisa: “há muito tempo que alertamos para os perigos dos produtos da
associação mutualista vendidos pelo Montepio.
Além de serem
desinteressantes do ponto de vista financeiro, os planos mutualistas estão
repletos de cláusulas complexas e os mais incautos podem confundi-los com
depósitos.
Acresce o facto
da atividade do banco não estar imune à atividade do seu acionista, o que pode
ser potencialmente perigoso”, frisa a entidade.
A Proteste
INVESTE lembra ainda os dois aumentos de capital da Associação Mutualista,
através da emissão de unidades de participação, cotadas em bolsa, mas
que já perderam mais de metade do seu valor desde que foram admitidas à
negociação.
“A eventualidade
de o Montepio proceder a um novo aumento de capital não é preocupante”, frisa a
Proteste INVESTE que aponta o dedo à supervisão, que permite que “se mantenham
dependências excessivas entre a associação mutualista e o banco”.
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