quarta-feira, 22 de março de 2017

BANCO[PIO]

Lembra-se do BES que vendia papel comercial do grupo nos seus balcões?

Veja as semelhanças: há 4 anos o Montepio foi autorizado a capitalizar-se através da emissão de unidades de participação de um fundo.


E muitos aforradores tornaram-se “quase” donos do banco sem saber.

Por esta altura deve estar a perguntar-se o que é que isso tem de mal.

Não teria nada se o processo fosse transparente.

O que não é, de todo, o caso. 

Para se comprar uma má empresa é preciso saber o que se está a fazer.

Mas o problema não acaba aqui.


Há produtos, nomeadamente planos mutualistas, que não estão cobertos pelo Fundo de Garantia de Depósitos, mas que os clientes os compraram como se fossem depósitos a prazo.

Isto tem tudo para correr mal.

Essas pessoas podem sofrer graves perdas se a Associação Mutualista for à falência.

Por esta altura, o leitor que não tem o dinheiro no Montepio deve estar a pensar que está a salvo.


Mas não está.

Há outros bancos na mesma situação.

A passar, para já, pelos pingos da chuva.

E se o seu dinheiro está num destes?

Aposto que deve estar a tentar convencer-se que tudo vai correr bem porque está protegido pela cláusula de segurança do Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros.

Uma vez mais temos de chamar-lhe a atenção.

O segurador tem a obrigação de assegurar esse valor máximo, o que não quer dizer que tenha a capacidade.

Para continuar com a metáfora da chuva, esse Fundo de Garantia de Depósitos funciona como um enorme guarda-chuva que protege todo o sistema bancário.

Mas se vier uma chuva mais forte carregada a vento, dois ou três bancos podem ser atirados para fora. E se o chapéu se romper, não há fundo que resista.

Isto para dizer que se um ou dois bancos forem à falência, então o fundo não terá capacidade para resgatar todos os depósitos segurados.

Explicamos melhor.

O fundo tem capacidade para pedir dinheiro ao próprio sistema financeiro, mas os mesmos bancos que têm de pagar o buraco do BES – através do fundo resolução – teriam de fazer novas contribuições.

O que os tornaria cada vez mais fracos.

É o chamado efeito cascata que pode desaguar numa derrocada do sistema financeiro.

Se um banco mais fraco falir pode ter a certeza que todos os outros serão afetados.

É o velho castelo de cartas a desmoronar-se.


Vai pagar para ver ou vai proteger-se de imediato?

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