Lembra-se
do BES que vendia papel comercial do grupo nos seus balcões?
Veja as
semelhanças: há 4 anos o Montepio foi autorizado a capitalizar-se através da
emissão de unidades de participação de um fundo.
E
muitos aforradores tornaram-se “quase” donos do banco sem saber.
Por
esta altura deve estar a perguntar-se o que é que isso tem de mal.
Não
teria nada se o processo fosse transparente.
O que
não é, de todo, o caso.
Para se
comprar uma má empresa é preciso saber o que se está a fazer.
Mas o
problema não acaba aqui.
Há
produtos, nomeadamente planos mutualistas, que não estão cobertos pelo
Fundo de Garantia de Depósitos, mas que os clientes os compraram como
se fossem depósitos a prazo.
Isto
tem tudo para correr mal.
Essas
pessoas podem sofrer graves perdas se a Associação Mutualista for à falência.
Por
esta altura, o leitor que não tem o dinheiro no Montepio deve estar a pensar
que está a salvo.
Mas não
está.
Há outros bancos na mesma situação.
A
passar, para já, pelos pingos da chuva.
E
se o seu dinheiro está num destes?
Aposto
que deve estar a tentar convencer-se que tudo vai correr bem porque está
protegido pela cláusula de segurança do Fundo de Garantia de Depósitos até 100
mil euros.
Uma vez
mais temos de chamar-lhe a atenção.
O
segurador tem a obrigação de assegurar esse valor máximo, o que não quer dizer
que tenha a capacidade.
Para
continuar com a metáfora da chuva, esse Fundo de Garantia de Depósitos funciona
como um enorme guarda-chuva que protege todo o sistema bancário.
Mas se
vier uma chuva mais forte carregada a vento, dois ou três bancos podem ser
atirados para fora. E se o chapéu se romper, não há fundo que resista.
Isto
para dizer que se um ou dois bancos forem à falência, então o fundo não terá
capacidade para resgatar todos os depósitos segurados.
Explicamos
melhor.
O fundo
tem capacidade para pedir dinheiro ao próprio sistema financeiro, mas os mesmos
bancos que têm de pagar o buraco do BES – através do fundo resolução – teriam
de fazer novas contribuições.
O que
os tornaria cada vez mais fracos.
É o chamado efeito cascata que
pode desaguar numa derrocada do sistema financeiro.
Se um
banco mais fraco falir pode ter a certeza que todos os outros serão afetados.
É o
velho castelo de cartas a desmoronar-se.
Vai
pagar para ver ou vai proteger-se de imediato?
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