Não
foram necessárias mais de 24 horas para destruir um património de séculos.
Pulmão de Leiria, o pinhal mandado plantar pelo rei desapareceu este domingo,
consequência dos incêndios que consumiram a região.
O Pinhal
do Rei, Pinhal d'El-Rei, Mata Nacional de Leiria, ou Pinhal de Leiria é uma floresta portuguesa. Tem uma área de
11.080 ha, abrangendo as freguesias da Marinha Grande e de Vieira de Leiria, estando assim
inserido única e totalmente no concelho da Marinha Grande. Em Portugal, o pinhal de Leiria
marcou o início da plantação intensiva de monocultura do pinheiro bravo. Em Outubro
de 2017, devido aos violentos incêndios que assolaram o território, o Pinhal
ardeu quase na totalidade.
O
pinhal foi inicialmente mandado plantar pelo rei D. Afonso III (1248-1279) (e não por D. Dinis I (1279-1325), como se julga
habitualmente), no século XIII, com o intuito de travar o avanço e degradação
das dunas,
bem como proteger a cidade de Leiria e o seu Castelo e
os terrenos agrícolas da sua degradação devido às areias transportadas pelo
vento, que se tornara uma grande preocupação para os habitantes da região.
Procedeu-se assim à sementeira duma área extensa que acompanha o litoral.
Alguns autores atribuem até o começo da plantação do pinhal a D. Sancho II (1223-1248). Seria, então,
mais tarde, entre 1279 e 1325, aumentado substancialmente pelo rei D. Dinis I, para as dimensões actuais.
Sempre que se procedia ao corte de árvores, era
seguida uma replantação - desta forma o pinhal manteve-se intacto.
Desde pelo menos o último quartel do século XV,
o cargo de Guarda-Mor dos Pinhais de El-Rei ou Pinhais Reais de Leiria, Guarda
e Couteiro das Matas dos Pinhais do Rei, foi hereditário nos Rodrigues Veloso,
nos da Costa de Mesquita e, finalmente, nos da Silva de Ataíde, até à sua
extinção em 1835.
O pinhal de Leiria foi muito importante para
os Descobrimentos Marítimos, pois a madeira
dos pinheiros era usada para a construção de embarcações. O pez(alcatrão vegetal
extraído dos pinheiros) foi ainda usado para proteger as caravelas.
Ainda existem fornos onde este era fabricado.
Iria adquirir muita importância para o
desenvolvimento económico e crescimento demográfico da região no século XVIII e século XIX,
uma vez que foi dos principais impulsionadores de indústrias como a construção
naval, a indústria vidreira, metalurgia e produtos resinosos (através da
extracção da goma dos pinheiros, no século XIX) - a madeira era usada tanto
como matéria-prima como fonte de energia para as indústrias e habitações.
COMO FICOU
De acordo com os números divulgados pela autarquia da Marinha Grande, Leiria, o incêndio consumiu 80% da Mata Nacional, cerca de 9000 dos 11.000 hectares.
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