O jornal norte-americano The New York Times critica a "desigualdade" nas reformas fiscais em curso no Brasil. Em reportagem publicada na sexta-feira, 3, o jornal relata que, enquanto os trabalhadores terão benefícios cortados, juízes e políticos têm aumentos de salários e cita que o Congresso, "em vias de aprovar uma reforma previdenciária", agora está permitindo que seus membros obtenham pensão vitalícia depois de apenas dois anos.
O texto lembra que Michel Temer defende o corte de gastos, mas não ajudou a sua popularidade realizar um "banquete pago com dinheiro de contribuintes" para persuadir os deputados a aprovarem suas reformas. Para o NYT, embora alguns sinais de recuperação econômica tenham surgido, a situação do povo nas ruas "conta uma história diferente".
A partir do depoimento de personagens, o jornal afirma que o governo defende que todos precisam aderir ao programa de austeridade, mas sua postura indica que "a pressão é sobre os menos favorecidos". Menciona que uma das principais "conquistas" do governo Temer - a aprovação de um teto para os gastos públicos - é também um dos seus calcanhares de Aquiles.
"O sistema tem tudo para aumentar a desigualdade, mas Temer está minimizando a ideia de que o Brasil precisa de uma reforma no estilo grego", comenta Pedro Paulo Zahluth Bastos, economista da Unicamp. A falta de cobrança de impostos sobre os rendimentos de proprietários de ações também é citada como um dos pontos críticos.
A reportagem do correspondente Simon Romero também cita a situação financeira do Rio de Janeiro, que é vista como um "case" da seriedade do problema no Brasil. Em função do descontentamento da população, completa o jornal, políticos ultraconservadores como Jair Bolsonaro vem ganhando espaço no País.
SÃO PAULO - A economia doentia do Brasil está sangrando milhares de empregos por dia, os estados estão lutando para
pagar policiais e professores, e o dinheiro para refeições subsidiadas é tão
curto que um legislador sugeriu que os pobres poderiam "comer todos os
outros dia."
Ainda assim, nem
todo mundo está sofrendo. Funcionários
públicos no ramo judicial estão desfrutando de um aumento de 41 por cento. Legisladores aqui em São Paulo, a
maior cidade do Brasil, votaram em aumentar seus
próprios salários em mais de 26%. E
o Congresso, que está se preparando para cortar benefícios de pensão em todo o
país, está agora permitindo que seus membros se aposentem com pensões
vitalícias depois de apenas dois anos no cargo .
O Brasil está
lutando para sair de sua pior crise económica em décadas, e o presidente Michel Temer diz
que o país precisa reduzir os gastos públicos para fazê-lo.
No
entanto, não ajudou seus péssimos índices de aprovação quando recebeu
um generoso banquete financiado pelos contribuintes para persuadir os membros do
Congresso a apoiarem seus cortes no orçamento, com 300 convidados comendo
camarão e filé mignon.
Sem comentários:
Enviar um comentário