terça-feira, 5 de setembro de 2017

Não vem ao caso

José Sócrates publicou no YouTube um video para se defender das acusações de ingerência na Portugal Telecom (PT) durante os anos em que foi primeiro ministro. O Expresso foi verificar e constatou que Sócrates disse algumas verdades, mas a maioria dos números e dos factos deste complexo dossiê são apresentadas de forma simplista e habilidosa.

 José Sócrates afirma no vídeo que a quota de mercado da PT na televisão (paga) em 2004 era 80% e em 2011 era 35%. Está correto? 
Parcialmente verdade. Os números das quotas de mercado da PT destes dois anos estão certos, mas José Sócrates está a simplificar e compara dados que não são comparáveis. Em 2004, a PT tinha um quase monopólio de televisão paga através da PT Multimédia/TV Cabo que concorria com a pequena operação da Cabovisão. Em 2011, o mercado era completamente diferente, porque o negócio de TV paga da PT (MEO) tinha nascido do zero. Porquê? Porque em 2007 tinha acontecido o spin-off (cisão) da PT Multimédia/TV Cabo que daria origem à ZON (agora NOS), na sequência da OPA da Sonae em 2007. Sem a TV Cabo, a PT Comunicações teve de criar a marca MEO e realizou fortes investimentos na rede de fibra ótica e foi aumentando paulatinamente quota de mercado na TV paga (fixo e satélite) até aos 35% em 2011.

Apesar desta manipulação de números, é verdade que o ex-primeiro-ministro tinha nessa altura um discurso favorável à concorrência no sector das telecomunicações. Além da Meo, ZON e Cabovisão, existiam em 2007 novos atores (Vodafone e Optimus/Clix) no mercado de TV paga.

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