José Sócrates publicou no YouTube um video para se defender das acusações de ingerência na Portugal Telecom (PT) durante os anos em que foi primeiro ministro. O Expresso foi verificar e constatou que Sócrates disse algumas verdades, mas a maioria dos números e dos factos deste complexo dossiê são apresentadas de forma simplista e habilidosa.
José Sócrates afirma no vídeo que a quota de mercado da PT na televisão (paga) em 2004 era 80% e em 2011 era 35%. Está correto?
Parcialmente verdade. Os números das quotas de mercado da PT destes dois anos estão certos, mas José Sócrates está a simplificar e compara dados que não são comparáveis. Em 2004, a PT tinha um quase monopólio de televisão paga através da PT Multimédia/TV Cabo que concorria com a pequena operação da Cabovisão. Em 2011, o mercado era completamente diferente, porque o negócio de TV paga da PT (MEO) tinha nascido do zero. Porquê? Porque em 2007 tinha acontecido o spin-off (cisão) da PT Multimédia/TV Cabo que daria origem à ZON (agora NOS), na sequência da OPA da Sonae em 2007. Sem a TV Cabo, a PT Comunicações teve de criar a marca MEO e realizou fortes investimentos na rede de fibra ótica e foi aumentando paulatinamente quota de mercado na TV paga (fixo e satélite) até aos 35% em 2011.
Apesar desta manipulação de números, é verdade que o ex-primeiro-ministro tinha nessa altura um discurso favorável à concorrência no sector das telecomunicações. Além da Meo, ZON e Cabovisão, existiam em 2007 novos atores (Vodafone e Optimus/Clix) no mercado de TV paga.
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